Sinopse
"Livros do Brasil" honra-se de apresentar ao público português, incluindo-o nesta "Coleção Dois Mundos", um dos livros mais extraordinários do nosso tempo: o Diário de Anne Frank. Traduzido em todas as línguas cultas, adaptado ao teatro e ao cinema (com a atriz Audrey Hepburn personificando a outra). Este Diário não foi escrito como obra literária, com a ideia no público - mas ultrapassa em talento e beleza, em dignidade humana e em profundo significado a maior parte de quanto se tem publicado nos últimos anos. Anne era uma rapariguita de uma família judaica de Francfort que se refugiou na Holanda para escapar às perseguições nazis. Invadido este país, a família esconde-se com outras pessoas num "anexo" de uma casa, onde protegida por gente corajosa e dedicada, consegue viver largo tempo sempre no terror de ser descoberta. Acabou por sê-lo. E o diário de Anne foi encontrado por acaso num monte de papéis velhos. Anne veio a morrer no Campo de Concentração Bergen-Belsen. Mas o diário que essa rapariguita escreveu é na sua perspicácia e na sua desenvoltura adolescente, um documento humano - e, só pelo fato de existir, um protesto contra as injustiças do mundo em que vivemos. Como diz a escritora Ilse Losa, que dedicadamente traduziu e prefaciou estas páginas comoventes: Reencontramo-nos em Anne! Sentimos a verdade, nua e crua, em cada uma das suas palavras. E é precisamente por isso , pela identidade dos sentimentos humanos. Independentes de latitude e de raças, que esta obra ganha cunho de universalidade.
Resenha
2 de setembro de 1945, fim da 2ª Guerra Mundial. Eu lia o livro e ia contando os dias para o fim da guerra, para o fim do "mergulho", mesmo sabendo que ela não sobreviveria. Lê-lo me fez lembrar do filme A Vida é Bela (do Roberto Begnini), pela simplicidade e inocência em apresentar os fatos. Esse livro tem uma escrita lusitana, mas não tive nenhuma dificuldade em lê-lo. Pelo contrário, a leitura flui muito bem.
Anne tinha 13 anos quando tiveram que se esconder no anexo, era uma menina normal, que estava entrando na adolescência. Anne foi "mergulhar", forma em que os moradores tratavam o ato de se esconder, no anexo com outra família. Teve que passar pela dificuldade de conviver com outras pessoas que mal se conheciam. Anne tem que lidar com o dentista Dussel que só sabe
critica-la e com a Sra. van Daan que fica querendo educa-la a sua maneira. Mas
o convívio deu a Anne o auto-conhecimento, a aproximou de Peter van Daan, que
se tornou um amigo. E até fez com que Anne entendesse sua mãe e sua irmã.
Mesmo com o domínio do medo de serem encontrados, com as dificuldades de seus protetores em mantê-los escondidos, Anne conseguiu viver uma vida "normal". Estudava, ajudava nos afazeres e até se apaixonou. E é nesses momentos que a gente fica mais triste, pois eu fiquei torcendo pela sobrevivência deles, mesmo sabendo que não sobreviveriam.
A cada data que se aproximava do fim da guerra, a angústia aumentava. Eles passaram por muitos sustos, ladrões na fábrica (era onde ficava o anexo), as doenças de seus protetores, a prisão de fornecedores do "mercado negro" e o racionamento da comida. Os mergulhados viveram momentos felizes, tristes e de terror. Cada palavra angustiava mais. Mas mesmo assim Anne conseguiu ser feliz a sua maneira.
É um livro maravilhoso, não sei porque não o li antes (muitos na prateleira sem ler). Mas recomendo, sem sombra de dúvidas.
Uma das minhas citações que eu mais gostei:
"Gosto da Holanda. Esperei sempre que um dia me servisse de pátria, a mim, que já não tenho pátria. E continuo a ter esperança!"
Dados do Livro
- Título em alemão: Das Tagebuch der Anne Frank.Título em neerlandês, a língua do diário original: Het Achterhuis - Dagboekbrieven 14 juni 1942 - 1 augustus 1944.Título em inglês: The Diary of a Young Girl, como dizem no livro, ou The Diary of Anne Frank, como é no filme.
- Tradução: Ilse Lisboa
- Edição "Livros do Brasil" Lisboa
- Coleção Dois Mundos nº 33
- 352 páginas
- Li também em E-book
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